* Por Pedro Alves
Parece uma piada quando relatada a situação precária do curso de Comunicação Social da UFS, mas ironicamente, não é. Indignados com a situação do curso, os estudantes de Comunicação Social, organizaram, no mês de maio deste ano, uma ocupação de Reitoria que durou 12 intensos dias. As reivindicações não eram inatingíveis, pelo contrário, eram reivindicações primárias para o bom funcionamento de um curso superior. Faltava laboratórios, professores, câmeras fotográficas, computadores, bebedouros, software, etc. A cada período mais disciplinas sendo ofertadas no curso sem professor. No primeiro semestre, o recorde foi de 12 disciplinas sem professor. Mas para o curso de Comunicação Social esse número é pouco e como um bom corredor da maratona da precarização, este período iniciou com um novo recorde: 19 disciplinas sem professor.
Mas a piada ainda está por vir e se auto-intitula “a precarização da precarização”. Como se não bastasse, agora o Curso de Comunicação Social tornou-se uma entidade de caridade, isso mesmo, um curso de caridade. Não se contrata mais professores efetivos nem muito menos substitutos, a onda é professor VOLUNTÁRIO. Se a contratação do professor substituto reflete a precarização do ensino, no que tange a impossibilidade deste fazer pesquisa e extensão e não ter condições mínimas de trabalho, imagina o que se pode ter com professores voluntários... nada.
Por mais que se faça um esforço, é quase impossível imaginar o que passa pela cabeça dos professores do curso, do chefe de departamento, e dos administradores da UFS. Parece que o vírus Didi Mocó e o Criança Esperança atingiu estas “inocentes” cabeças que agora imploram pelo voluntarismo das pessoas. Ajudem, ajudem, ajudem! É só discar para... Pura pilantragem! O pior de tudo isso, é que o curso de Comunicação tem 18 anos de existência e está fadado a morte precoce, oferecendo vergonhosamente a pior formação em Comunicação Social do país.
No curso de Comunicação Social da UFS não existe aqueles estudantes reacionários que planejam trote para executar nos calouros, o próprio curso já é o trote de quatro anos. Quem entra no curso sabe das horas perdidas em sala de aula, de períodos atrasados, de aulas práticas sem prática. Quatro anos sendo enganado pelo trote da precarização. Porém, este não é um problema exclusivo do curso, mas reflete a precarização de toda a Universidade Federal de Sergipe. O curso de Letras, o maior em números de estudantes, teve, neste período, o déficit de 300 estudantes sem aulas. E a lista aumenta se pontuarmos os problemas dos outros cursos.
Não sei se é um presságio, mas me parece que estamos caminhando para a extinção da Universidade Pública, espero que esteja errado por completo e que haja alguma reviravolta nesta bagunça toda, mas a situação é realmente catastrófica e nos apontam poucas saídas. Mas deve haver alguma maneira de mudar tudo isso, deve haver muita luta para mudar tudo isso!
Por fim, o Curso de Comunicação Social está em estado terminal, prestes a morrer, os mais apressados já estão preparando o túmulo e as rosas, outros, estão correndo atrás da cova. Porém o que se deve fazer é pegarmos uma pá, e antes mesmo de cavarmos o buraco, precisamos dar uma “pazada” na cabeça desse curso para matarmos por completo quem está matando diariamente a nossa formação.
Chega de migalhas!
* Pedro Alves é estudante de Comunicação Social da UFS, militante da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos), e um dos estudantes que ocuparam a Reitoria da UFS em 2011
Quer um consolo? O de Letras é pior!.
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